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Audição2024-04-08T10:18:34+00:00

Audição

A audição é o primeiro dos cinco sentidos desenvolvido pelo ser humano. Tem um papel determinante nos processos de perceção, da fala e da comunicação, facilitando assim a interação com as pessoas que estão à nossa volta.

A audição é um sentido inteligente que funciona como um recetor especializado que recebe e interpreta os estímulos externos.

A perturbação ou alteração de Audição pode estar presente desde o nascimento, ocorrer durante infância ou mais tarde em qualquer momento da vida. As causas da perda da audição são variadas, assim como os seus sintomas. A sua perda ou comprometimento, interfere de forma importante na comunicação e na qualidade de vida das pessoas.

O Departamento de Audição da SPTF é o responsável pela dinamização da evolução do conhecimento do impacto da surdez e das alterações do processamento auditivo na comunicação humana. É constituído por um grupo de profissionais que pretende promover o aumento da qualidade e quantidade de produção científica por parte dos pares e outros profissionais de áreas afins à terapia da fala, com o intuito de fomentar a reflexão, partilha e aprendizagem para um apoio mais eficaz a crianças, jovens e adultos com perturbações da Comunicação decorrentes de surdez ou perturbações do processamento auditivo, contribuindo para a divulgação e adoção de práticas baseadas na evidência.

A Audição e o Desenvolvimento da Linguagem

A surdez é o défice sensorial mais frequente na população mundial afetando mais de 430 milhões de pessoas segundo dados da Organização Mundial de Saúde em março de 2021. Estima-se que 1 a 3 em cada 1000 bebés recém-nascidos saudáveis nasce com surdez bilateral significativa. Em recém-nascidos de risco os números são muito mais expressivos: 20 a 40 em cada 1000 bebés podem apresentar alterações auditivas.

A surdez caracteriza-se por limitação da perceção de sons. Dificuldades na perceção dos sons da fala podem ter consequências negativas a nível do desenvolvimento típico da comunicação, da linguagem, da sociabilização e da aprendizagem da leitura e escrita. A perceção de fala implica a perceção de sons de diferentes frequência e intensidades,  com grande variabilidade de poder acústico.

A frequência do som indica se é mais agudo ou grave. Os sons da fala têm frequências que estão concentradas entre os 500 e os 4000 Hertz (Hz).

A intensidade dos sons, ou seja, se os sons são altos ou baixos, é medida em decibéis (dB). Considera-se que há perda auditiva se há dificuldade em detetar sons nas várias frequências auditivas com intensidade maior que 20 décibeis. A surdez pode ser caraterizada relativamente a diferentes parâmetros. Na tabela seguinte, apresenta-se a classificação dos graus de perda auditiva.

Grau de perda auditiva Valores em décibeis Impacto social
Ligeiro 21-40 dB Sons do ambiente são percecionados. Fala é percecionada se a intensidade de voz for normal e o interlocutor está próximo.
Moderado 41-70 dB Alguns sons do ambiente são percecionados. Fala é percecionada se a intensidade de voz for elevada e é necessário acesso visual à face do interlocutor para facilitar a compreensão da mensagem.
Severo 71-90 dB São percecionados sons intensos. Sons de fala podem ser percecionados se o interlocutor falar alto e próximo do ouvido.
Muito Severo 91-119 dB Só são percecionados sons muito intensos. Sons de fala não são percecionados.
Perda Total 120 dB Não há perceção de sons.

Tabela 1- Graus de perda auditiva segundo classificação do International Bureau for Audiophonology

No que se refere ao tipo, a surdez pode ser de condução, neurossensorial ou ter componentes de ambos os tipos e ser uma surdez mista. As alterações neurossensoriais indicam alterações nas células da cóclea que transformam o som em impulso elétrico e o conduzem ao cérebro não funcionam corretamente. A surdez neurossensorial é, até ao momento, irreversível. Há ajudas técnicas específicas para estas limitações auditivas que permitem o acesso auditivo.

Figura 1. Anatomia do ouvido

As causas de perda auditiva em bebés podem ser variadas:

  • infeções durante a gravidez, como toxoplasmose ou citomegalovírus;
  • diabetes gestacional, uso de álcool ou drogas durante a gravidez;
  • prematuridade;
  • complicações no parto;
  • uso de antibióticos ototóxicos durante a gravidez ou primeiros meses de vida do bebé;
  • causas genéticas (mais de 50% dos casos).

Sinais de alerta na infância

Há sinais a que é importante estar atento porque é essencial detetar alterações auditivas precocemente. As Recomendações para o Rastreio Auditivo Neonatal Universal (RANU), indicam que TODAS as crianças nascidas em Portugal devem ter a sua audição rastreada nos primeiros 30 dias de vida.

Nos primeiros meses de vida o bebé deve:

  • reagir a sons intensos;
  • acordar quando ouve sons fortes;
  • responder à voz dos outros (sorrindo, por exemplo);
  • acalmar-se com vozes familiares;
  • dirigir-se a brinquedos que fazem som;
  • virar a cabeça em direção a sons;
  • balbuciar.

Entre o ano e os dois anos, o bebé deve:

  • repetir sons simples;
  • entender pedidos simples;
  • fazer sons para chamar a atenção do adulto;
  • responder ao nome;
  • usar palavras simples;
  • ouvir histórias e músicas com interesse;
  • apontar para objetos e nomeá-los.

Em crianças maiores alguns sinais de perda auditiva podem ser:

  • pedir às pessoas que repitam a informação várias vezes;
  • ter alterações de fala;
  • não responder quando chamam o seu nome;
  • pôr a televisão, rádio ou tablet muito alto;
  • responder fora do tema a questões que lhe foram feitas;
  • queixar-se de dores ou sensações estranhas nos ouvidos
  • não perceber o que é dito ao telefone;
  • estar muito atento à face das pessoas quando falam e ter mais dificuldade em perceber o que é dito quando está de costas ou em locais ruidosos;
  • falar muitas vezes demasiado alto.

A audição é essencial para o desenvolvimento da linguagem oral e da fala. Os bebés adquirem linguagem/fala por imersão linguística, ou seja, quando participam em atividades contextualizadas em que é usada linguagem com parceiros mais competentes. É desta forma que vão associando as palavras aos conceitos e que se vão apercebendo das características acústicas dos sons do ambiente e da fala.

As implicações ao nível da aquisição de linguagem e fala dependerão do tipo de e grau de limitação auditiva que a criança apresenta, das características do ambiente e do uso de ajudas técnicas nos casos em que são recomendadas. Mesmo as crianças que apenas têm ou tiveram otites muito frequentes (2 ou 3 num ano) podem apresentar dificuldades em discriminar sons de fala muito parecidos.

É essencial um acompanhamento médico especializado assim como intervenção precoce (entre os três e os seis meses de idade segundo o RANU) especialmente nos casos de perda auditiva bilateral significativa.

Uma vez que o conhecimento dos sons da fala é a base da aprendizagem da leitura e escrita da maior parte dos métodos usados, muitas vezes as crianças com limitações auditivas precisam de suporte educativo e terapêutico adicional.

Referências bibliográficas
  • Monteiro, L. e Trigueiros, N. (2018). Audiologia, Som e Audição: das bases à clínica. Monteiro, L. e Subtil. J. (eds.). Lisboa: Grafisol – Artes Gráficas.
  • Monteiro da Costa, I. (2016). Desenvolvimento Típico da Comunicação e Linguagem – 0 aos 5 anos de idade. In Monteiro, L. e Subtil, J. (Ed.), Otorrinolaringologia Pediátrica (pp. 289). Lisboa: Grafisol – Artes Gráficas.
  • Rebelo, A. E Vital, P. Desenvolvimento da Linguagem e Sinais de Alerta: Construção e Validação de um Folheto Informativo. Re(habilitar) – Revista da ESSA 2006:2: 69-98.
  • MacIver-Lux, K., Lim, S., Rhoades, E., Robertson, L., Quayle, R., and Hönck (2016). Milestones in Auditory-Verbal Development: Auditory Processing, Speech, Language, Emergent Literacy, Play, and Theory of Mind. In Estabrooks, W., MacIver-Lux, K. e Rhoades, E. (Ed.), Auditory-Verbal Therapy For Young Children with Hearing Loss and Their Families, and the Practitioners Who Guide Them (pp. 219-284). San Diego: Plural Publishing.

A EQUIPA: DEPARTAMENTO DA AUDIÇÃO

Sofia Lynce de Faria
Coordenador
Marisa Alves
Vice-coordenador
Ana Sofia Lopes
Membro
Susana Capitão
Membro
Tânia Lavra
Membro

EVENTOS: AUDIÇÃO

29 de maio de 2021 Os sons da minha escola

Invariavelmente, o som de crianças a brincar é associado a alegria e felicidade. No entanto, em contexto de escola/jardim-de-infância, o ruído das brincadeiras e conversas pode ser difícil de controlar, sob pena de prejudicar a comunicação. A Terapeuta Ocupacional Lígia Mota, especialista em Integração Sensorial, aborda algumas estratégias que podem ajudar a minimizar o impacto do ruído em contexto escolar.

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MATERIAIS PARA SI!

DIA INTERNACIONAL DO IMPLANTE COCLEAR

A 25 de fevereiro comemora-se o Dia Internacional do Implante Coclear contabilizando mais de 60 anos de uso deste dispositivo biomédico.

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